Este blogue é da responsabilidade de um lisboeta com frequência universitária (Biologia), ex‑jornalista actualmente trabalhando na área informática.
Isto e tudo o mais ou será óbvio, ou irrelevante. (Vd. manifesto.)
IBSN:
Quando me dizem que «os cientistas» (essa clique, bem conhecida via estéreotipo de Hollywood) fazem uso de uma linguagem desnecessariamente impenetrável, saco da minha pistola. (O tipo de armamento escolhido varia de acordo com a burrice exibida: desde a pressão de ar para «incapacidade de comunicação», passando pela Калаш para «elitismo», até à BFG do Doom, ›tj, tj‹, para «cabala de desinformação».)
Daí que, quando um cientista (dos verdadeiros, arquetipificados pelos meus ex‑colegas da F.C.L.) efectivamente usa de semântica ou terminologia invulgar sem que haja para isso necessidade, desço a viseira de meu elmo e, de montante em riste, esporeio meu corcel.
Um exemplo: Por quê, de todo, usar a palavra "espécime"? Não é sinónima de "exemplar" ou "indivíduo", mesmo nos contextos técnicos mais restritos? É, por acaso, mais conhecida do grande público que essses sinónimos?
Por outro lado, qual é o problema? Por que será pior dizer "espécime" em vez de "exemplar" ou "indivíduo"?…
Por que "espécime" é parónimo de "espécie", eis por quê — e em contexto de Biologia (e, na “vida real”, de ambiente, Natureza, saúde, investigação) estes dois termos estão intimamente associados e são, claro, completamente distintos.
Não podemos evitar outras burrices, mas ao menos evitemos coisas como
há alguns milhares de culturas agrícolas e espécies florestais que arderam(T.S.F., 2004.07.12).
Ao dar entrevistas, ao escrever textos de divulgação, mesmo entre especialistas — evitai a palavra "espécime" e usai antes "exemplar" ou "indivíduo". Conselho de zarolho.
(P.S.: Sim, sim: Em Numismática, e noutras áreas, a palavra "espécime" tem outro significado. Disso, fale quem sabe.)
às 19:30, por Zarolho
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