Olho e meio

Um blogue de pequenas causas.


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Este blogue é da res­pon­sa­bi­li­da­de de um lis­bo­e­ta com fre­quên­cia uni­ver­si­tá­ria (Bio­lo­gia), ex­‑jor­na­lis­ta actu­al­men­te tra­ba­lhan­do na área in­for­má­ti­ca.

Isto e tudo o mais ou será ób­vio, ou irre­le­van­te. (Vd. ma­ni­fes­to.)

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A 2005-05-31

# Oficial mas ol­vi­da­do

Mirandês esquecido em URLs com diacríticos sob .PT

A partir de 1 de Janeiro de 2005 é possível registar domínios sob o (nosso) ccTLD ".pt" contendo caracteres para além do habitual "0" a "9", "a" a "z", e traço.

O manual de instruções diz:

Artigo 3º
Caracteres Especiais na Composição do Nome

1. Nos termos das regras em vigor só são considerados caracteres especiais os constantes do alfabeto português, devido à utilização de acentos e sinais gráficos, conforme tabela seguinte:

  • á à â ã
  • ç
  • é ê
  • í
  • ó ô õ
  • ú

Ou seja, fica de fora o "ũ" ("u" com til), letra única do ortografia oficial mirandesa. Acho mal.

às 11:19, por Zarolho

A 2005-05-30

# Cartões perfurados

A Biblioteca Nacional convida os seus visitantes e frequentadores a colaborar, por cinco minutos que seja, no esforço de disponibilizar digitalmente as obras do seu acervo. Até aqui, tudo bem.

Biblioteca Nacional Digital

Mas a tarefa proposta não é a digitação propriamente dita, mas a verificação do texto já introduzido. Isto parece­‑me desajustado: Hoje em dia, em que há um computador em cada esquina (número tanto maior se considerarmos todos os computadores passíveis de serem usados para digitação de texto simples, por muito obsoletos que se considerem), a abordagem mais eficaz seria a de aceitar múltiplas digitações do mesmo original e compará­‑las informaticamente, sendo as discrepâncias “desempatadas” por um elemento humano.

No entanto, aquilo que é pedido aos colaboradores ocasionais é a verificação do texto já introduzido, como foi dito, com a agravante de este ter marcas de ter sido digitado via O.C.R. (reconhecimento óptico de caracteres), tais como "rn" por "m", o que deveria ter sido corrigido por via informática numa fase anterior, deixando ao elemento humano menos questões, mas de resolução mais crítica.

Esta abordagem — a valoração do “tempo de computador” e o desbarato do trabalho executado por pessoas — é típica da informática dos anos setenta, quando existiam em Portugal dúzia e meia de computadores, e a capacidade de cálculo instalada em todo o mundo não alcançava a de um modesto Pentium III.

Por que não, como dito acima, aceitar múltiplas digitações do mesmo original e compará­‑las informaticamente, sendo as discrepâncias “desempatadas” posteriormente por um elemento humano? Por que não disponibilizar via web, para digitação remota (no conforto da casa de cada um), páginas digitalizadas para benévola digitação?

Como (quase) sempre neste metaforicamente pequeno paìsinho, houve “falta de cabeça” — eufemismo para incompetência, ou pelo menos competência mal gerida, se calhar também com pressas e atrasos à mistura.

às 16:24, por Zarolho

A 2005-05-26

# Banco de jardim

(Não, esta posta não versa o inenarrável sá­tra­pa da Ma­dei­ra, apesar do tí­tulo bem ca­lhado. Quanto mais não seja porque qual­quer coisa digna de se dizer sobre “esse” cai­ria na área das gran­des cau­sas… e para essas já há quem.)

É antes sobre Eduardo Prado Coelho, EPC. É mais ho­nesto, culto e simpá­tico que Alber­to João Jar­dim, apesar de tam­bém ter três pala­vri­nhas ape­nas no seu petit nom (há um outro figu­rão que até tem qua­tro, mas a esse também há quem lhe chegue…).

Num jornal já pouco fresco (Pú­blico 5530: 9, 2005.05.16), EPC junta-se aos defen­sores da ampli­ação do Jar­dim Botâ­nico (da Escola Poli­téc­nica, em Lisboa) como solu­ção para o pro­blema do Parque Mayer. Estou de acor­do. Mas…

Metrosideros excelsa

Escreve EPC que, na sequência de uma abertura do Jardim Botâ­nico “por baixo”, e da comu­nhão dos seus espa­ços e ser­vi­ços com os tea­tros aban­do­nados do Parque Mayer,

há que pensar na forma como se vai des­lizar da contem­plação para o diver­ti­mento e para outras forma »sic« de cultura.

Isto porque

um jardim é um jardim e tem como traço fun­da­men­tal a calma, a con­tem­pla­ção, o espa­ço para as cri­an­ças.

Ó Eduardo! Mas não é o Campo Grande, nem o Jardim da Es­tre­la! É o Jardim Bo­tâ­nico, do Museu de Ciên­cia da Univer­si­dade de Lisboa! É a maior colec­ção de Cycadaceae da Eu­ropa (e que lindas são, mesmo o Moloch horridus!…), são as estu­fas, os herbá­rios, os bancos de semen­tes! É a bi­blio­teca e a cen­te­ná­ria can­tina da AEFCL, cená­rios de tan­tos “mar­ran­ços”! Comtem­pla­ção, sim — espe­ci­almen­te agora, que flo­res­­cem roxos os jaca­ran­dás, e ama­relos os tipus. Mas tam­bém tra­ba­lho e apren­di­za­gem — Ciên­cia, en­fim, que tam­bém é cultura!

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às 22:19, por Zarolho

A 2005-05-25

# Quebra‑­cabeças

Mapa de Israel, a amarelo; terr. ocupados a rosa

A interessante entrevista a David Grossman sobre a retirada dos colonatos da Faixa de Gaza não mereceu, ao contrário do desporto, direito a ilustração documental no jornal de ontem (Público 5538: 19, 2005.05.24).

Viria a calhar um mapa, por mau que fosse (oh!, e tanto se poderia dizer da “cartografia” praticadada na comunicação social…), quanto mais não fosse para suscitar uma questão pertinente: Diz o entrevistado que o Estado Palestiniano, para ser viável, deverá ser contínuo — mas se o for, será descontínuo o Estado de Israel, e vice‑­versa!

Independentemente da posição que se tenha sobre o assunto, a questão é pertinente. E não foi colocada. Com um mapa presente (nomeadamente na mente do entrevistador, como deveria estar…), esta questão surgiria de imediato, e ficaríamos esclarecidos sobre a posição do entrevistado.

Penso que o que David Grossman queria dizer é que deverá haver continuidade dentro de cada uma das duas áreas, Faixa de Gaza e Cisjordânia; que no interior de cada uma destas não haja uma rede de enclaves à moda dos bantustões sul‑­africanos de má memória. Mas realmente não sei, e não fiquei a saber…

às 11:34, por Zarolho

A 2005-05-24

# Mil palavras, ze­ro in­for­ma­ção

O jornal de hoje (Público 5538, 2005.05.24), para comemorar o Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada 2005, traz (em vez de fotos) cartoons, tiras e ilustrações — a exemplo dos anos anteriores (desde 1999).

Deixando de lado a evidente prova de bom‑­gosto e arrojo anti‑­populista que esta inciativa demonstra, fica por outro lado a ideia que a foto é apenas um complemento decorativo, e não informativo, ao conteúdo do jornal. Daí a ver‑­se os textos da mesma forma, passando o jornal a ser apenas uma “marca” — pós‑­moderna, intangível, e irrelevante se descontextualizada — vai um passo curto.

P.S.: Na última página (Público 5538: 56, 2005.05.24) lê‑­se:

foi aberta uma excepção para as páginas das selecções da seccção desporto

Lapidar.

às 13:25, por Zarolho

# Barreto e o barrete

Ontem à noite, no Clube dos Jorna­listas (RTP2), o entre­vistado foi Antó­nio Barreto — al­guém de quem já gos­tei menos.

Chamou-me a ate­nção a vee­mência com que a mais jovem dos entre­vis­ta­dores pre­sentes reagiu (em nega­ção) à insis­tência do entre­vistado na impor­tância rela­tiva da cul­tura geral no tra­balho de jornalista…

às 12:32, por Zarolho

A 2005-05-22

# Portugal dos Pequeninos

Portugal é “pequeno”, e isso explica a nossa pequenez sem aspas. Mas será mesmo pequeno? Nesta posta, o Jorge Candeias chama as coisas pelos nomes!

às 22:00, por Zarolho

A 2005-05-20

# Paragens em código

Contador de espera © John Laidlar

Após longos meses de funcionamento do sistema SIP da Carris (empresa operadora municipal de transportes públicos colectivos rodoviários urbanos de Lisboa), o qual nos informa por SMS da espera estimada dada uma paragem de autocarro, está finalmente disponível uma lista do código de cada paragem.

Imaginemos a situação: Estou em casa, em noite de chuva torrencial, de pantufas à lareira. A paragem fica a, vá lá, trezentos metros do meu prédio, e tenho realmente de apanhar o 41. O SIP permite­‑me saber via SMS (no conforto seco e quente de pantufas e lareira) quantos minutos faltam para a chegada estimada do próximo veículo. Terei apenas de enviar para o número 3599 a seguinte mensagem:

C 21212 41

, sendo "21212" o código da paragem e "41" a carreira pretendida (se esta for omitida receberei informação sobre os três próximos veículos, de qualquer carreira).

Mas, para saber o código da paragem, terei porém de trocar as pantufas por galochas, meter­‑me à chuva, e discortinar o dito (tão ergonómico, na sua mão­‑cheia ou meia dúzia de algarismos), auto­‑colado na bandeira da paragem. Claro que, mais molha menos molha, cedo ou tarde saberei os códigos das paragens que uso com frequência. Ficam a faltar as outras…

Mas, finalmente, alguém com poder de decisão na Carris (alguém que certamente não anda de autocarro, ou teria notado bem mais cedo…) percebeu que, sem a divulgação de uma lista de paragens com o respectivo código, o sistema SIP perde muito da sua potencial utilidade. E foi então divulgada a lista.

E como é? Será uma tabela HTML com abundante informação sobre cada paragem, com as carreiras que lá param e a sua localização precisa? Um interface SIG com «todas as paragens num raio de 200 m do ponto do mapa onde clicar»? Um folheto a cores em papel couché de boa gramagem (como tantos que a Carris edita), com a dita lista e um mapa de pequena escala, para levar no bolso e consultar a la carte, disponível em todos os quiosques e também em PDF? A ubiquificação dos códigos de paragens, mencionando­‑os em “espinhas”, mapas e horários de carreiras?…

Nada disso: Temos um singelo ficheiro de Microsoft Excel 97, completo com 686 kB, falta de intermodalidade de formato informático, risco de infecção por vírus de scripting, e ainda ordenação desestruturada dos registos — que estão separados por carreira (em vez de agrupados por paragem), tornando a consulta pouco prática para o utilizador­‑passageiro.

(O ficheiro Excel foi enternecedoramente gravado in media res, com a célula activa num ponto incaracterístico da folha, uma tabela de carreira seleccionada, e zume a 75%. Por outro lado, falta uma chave mestra, a formatação da células é inestética e de má leitura, e a pré­‑formatação para impressão é inadequada, cortando as tabelas verticalmente.)

Querem criar uma tabela HTML a partir destes dados, senhores da Wiz? Pois façam assim: Numa célula de uma coluna à parte, p.ex. na F6, escrever:

=IF(AND(A6<>"";LEFT(A6)<="9");IF(OR(A5<>A6;B5<>B6);IF(LEN(F5)=0;"";"</dl>")&"<h2>Carreira "&A6&" ("&IF(LEFT(B6;5)="circ.";"";"sentido")&" "&B6&")</h2><dl>";"")&"<dt>Paragem "&E6&"</dt><dd>"&C6&"</dd>"&IF(C6=D6;"";"<dd>"&D6&"</dd>");IF(E5="";"";"</dl>"))

e copiar esta fórmula em toda a coluna (exceptuanto a primeira célula, F1). Depois é só copiar toda a coluna F e colá­‑la numa página HTML. Repita­‑se, ordenando por paragem e carreira (colunas C‑E‑A, manter linha­‑cabeçalho), com a seguinte fórmula (na célula G6, e depois copiar para toda a coluna, excepto para G1):

=IF(AND(A6<>"";LEFT(A6)<="9");IF(E5<>E6;IF(LEN(F5)=0;"";"</ul></dd></dl>")&"<h2>Paragem "&E6&" ("&C6&")</h2><dl><dt>Localiza&#231;&#227;o: </dt><dd> "&D6&"</dd><dt>Carreiras: </dt><dd><ul>";"<li>"&A6&" ("&B6&")</li>");IF(LEFT(A5)<="9";"</ul></dd></dl>";""))

(É possível alindar a coisa com um CSS à maneira, mas deixo isso para os profissionais do design… (Hâ, como se!…) Quanto às inconsistências dos dados, tais como paragens sem carreira (p.ex., a 00206) e nomes diferentes para a mesma coisa ("Az. Cidade" ≠ "Az. da Cidade"?!), culpai a Carris.)

Em páginas HTML, ao contrário de no famigerado ficheiro Excel, a informação é pesquisável remotamente (p. ex., pelo Google), integra­‑se estética e prática­‑mente no restante sítio da Carris, e é visualizável em plataforma browser sem problemas de segurança (o ficheiro Excel pode ser bloqueado, e ainda bem, por firewall de empresa ou de cíber­‑café).

Apesar de tudo…: Como passageiro frequente da Carris e utilizador ocasional do SIP, espero que seja o primeiro passo, bem inepto, nesta caminhada atrasada e lenta. De caminho, relembremos que

  • cada consulta ao SIP custa 0,30 € cobrados imediatamente, mesmo quando a resposta vem demasiado tarde (há casos de mais de uma hora!) ou diz apenas «Serviço indisponível»;
  • os dados fornecidos pelo SIP raramente coincidem com os do SAEIP, nem mesmo grosseiramente;
  • o SIP não cobre ainda toda a rede de paragens da Carris (de notar a ausência de códigos para quatro paragens listadas na referida folha de Excel — carreiras 10, 14, 17 e 35 — e para os terminais do ascensor e dos funiculares, ainda que estes sejam mencionados em título…)
(Enfim, a Carris não fica atrás do Público enquanto alvo para miradas zarolhas.)

às 14:48, por Zarolho

A 2005-05-19

# Esdrúxulas à mesa

O jornal de ontem (Público 5532: 47, 2005.05.18) traz na última página uma promoção aos seus fascículos de (autoproclamada) culinária chique Cozinha País a País.

Os títulos, da colecção e de cada volume, são invulgarmente férteis em diacríticos, mormente marcando esdrúxulas: terreno propício tanto para criatividade tipográfica como para escorregadelas. Bem ao jeito de artiste que os modernos tipógrafos se (e nos) habituaram, não faltam aqui nem esses nem aquelas.

Assim, temos na lombada (e ver acima, enquanto a imagem estiver disponível!) um desnecessário "Perú", por "Peru". Nas capas, a “coisa” piora: Não só falam os competentes diacríticos em "India", "Russia" e "Colombia" (ainda que não falhando em "México", "Tailândia", "Itália", "Escandinávia", "Grécia" e, claro!, "França"), como os encontramos mais uma vez em excesso em, pasme‑­se, "Egípto". (E ainda faltam mais sete capas!)

Não escondo a minha admiração pelo bom‑­gosto e eficácia comunicacional posta na manipulação fotográfica e tipográfica dos elementos culinários (e até do imaginário vigente sobre cada país e sua cozinha!): O til de "Japão", delicadamente seguro por um par de “pauzinhos”, está magistral!

Mas a qualidade atingida neste campo, e o cuidado investido que revela, contrastam de forma preocupante com o nível literalmente primário destes tantos erros ortográficos. Quem os criou, quem os ignorou, quem os tolerou? E por quê?

às 23:47, por Zarolho

# A partir de couves cri­te­ri­o­sa­men­te se­lec­ci­o­na­das

Tenho me referido aqui a «o jornal», o Público, como se hou­vesse apenas um. Na verdade, e infeliz­mente, assim penso. No escasso pano­rama jorna­lístico portu­guês a meno­ridade não está circuns­crita às tira­gens e aos salá­rios: Bem baixa é também a quali­dade do produto.

O Público, objec­tiva e absolu­tamente, não chega a ser bom: limita‑­se a ser ligeira­mente menos mau que qualquer outro. Mais um zaro­lho entre cegui­nhos…

às 09:27, por Zarolho

A 2005-05-17

# “Aconcelhamento” cons­ti­tu­ci­onal

O Acórdão 532/98 do Tribunal Constitucional «Procede à fiscalização preventiva da constitucionalidade e da legalidade da proposta de referendo aprovada pela Resolução da Assembleia da República nº 36-B/98 (proposta da realização de referendo sobre a instituição em concreto das regiões administrativas)». Fazendo fé no documento PDF disponível aqui, o douto tribunal (ou talvez originalmente a respeitável Assembleia) não incluiu, certamente por lapso, nada menos que quatro dos trezentos e cinco concelhos existentes à data: Penela, Aveiro, Alpiarça e Benavente.

às 02:56, por Zarolho

A 2005-05-09

# Coisas de celtibero

No jornal do sábado passado (Público 5521: 52, 2005.05.07), a habitual crónica de Vasco Pulido Valente trazia uma afirmação no estilo também habitual, mas de conteúdo invulgarmente demagógico.

Diz­‑nos VPP que Tony Blair (o epónimo “Charlatão”), «Criou as “regiões” da Escócia e do País de Gales, para promover o patriotismo local e o ressentimento contra Londres». (As aspas são de VPP.) Dou de barato a “desnecessidade” de aqui fazer prova que a “especificidade” da Escócia e do País de Gales nada têm de postiço, recente ou artificial.

Chamo apenas a atenção para a “lata” de quem, só para “compor” o seu texto, talvez já em estado de alinhavo atrasado, não hesita em pôr e dispor da História e da Geografia, a fim apenas de manter, perante um público afinal e relativamente insignificante, a “fama” de cronista apocalíptico e façanhudo.

Adenda: Para o “evento” promocional sobre a cultura dos mais recentes membros da União Europeia que está patente no Centros Comerciais Colombo e Vasco da Gama, em Lisboa, e no CascaiShopping, foram produzidos cartazes incluindo um mapa da Europa, mostrando contornos e fronteiras nacionais (incl. mesmo não­‑membros, da Islândia ao Iraque). Aqui, em pé de igualdade com os sujeitos de direito internacional, temos bem visíveis as fonteiras internas do Reino Unido: Inglaterra, Escócia e País de Gales.

É a burrice semeada e colhida, para consumo “celtibero”.

às 16:49, por Zarolho

A 2005-05-06

# Um argueiro

No jornal da passada quarta­‑feira (Público 5518: 5, 2005.05.04) foi publicada uma carta ao director comparando o sistema educativo finlandês com o nosso, focando a questão dos “chumbos” no ensino básico.

Diz o autor, que se apresenta como professor do ensino básico (e ainda mestre em História Contemporânea de Portugal), que são os «obstáculos administrativos» e os «mecanismos de exclusão» existentes no nosso sistema que causam o diferencial de eficácia de que sofremos frente à Finlândia.

Sem querer opinar sobre o cerne deste argumento (e notando que é frequente ver defendida uma visão completamente oposta), chamo a atenção para um detalhe, ironicamete revelador. No texto a Finlândia é assim apresentada:

país­‑arquipélago de quase duzentas mil (!) ilhas

Crendo que não se trata de uma confusão com as Filipinas (que mais se ajustam a este retrato geográfico e se aproximam da Finlândia na posição alfabética), fica a estupefação:

Será confusão com as ilhas Åland, pertencentes sim à Finlândia, mas pouco reresentativas da geografia do país? Será má interpretação dos numerosos lagos, e das ilhas que certamente aí abundam? De qualquer forma, a maioria da população finlandesa reside em locais onde não há a superar qualquer “custo de insularidade”…

Não há porém “desconto” possível. Este professor primário, para quem a qualidade do ensino é tão importante, apresenta um nível de conhecimentos triviais de Geografia manifestamente insatisfatório. No contexto, é uma ironia mesquinha, mas na realidade é preocupante.

Sejam os “chumbos” uma causa da má qualidade do ensino em Portugal ou não, a incompetência dos professores é‑o certamente. E a inconsciência e/ou desvalorização da própria ignorância é um permanente passo atrás no auto­‑aperfeiçoamento — que deveria ser uma preocupação fundamental de qualquer professor.

às 19:33, por Zarolho

A 2005-05-05

# Em terra de cegos…

Pois em terra de cegos, quem tem olho vê­‑se à rasca. Quem tem dois, não tem mãos (também duas) a medir. Mas quem tem um só (o que é menos que o devido) sente­‑se paradoxalmente acima da média, na dita terra de cegos. E sente­‑se obrigado a uma missão de fazer ver, ainda que se sinta também zarolho e maneta. Daí, finalmente, o blogar: As grandes causas ficam para quem tiver visão binocular. Neste blogue de olho e meio a atenção irá assumidamente para causas pequenas.

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às 22:08, por Zarolho

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